Automatismo, percepção, ansiedade e depressão

Existem diferentes teorias para explicar o porquê dos quadros de depressão e ansiedade. A ciência já avançou e identificou fatores biológicos, genéticos, psicológicos, comportamentais e como se relacionam em mecanismos que produzem quadros psiquiátricos.

Me parecem bem interessantes, 3 núcleos de conhecimento de algumas áreas da psicologia. Seriam eles, a distorção do pensamento da terapia cognitivo-comportamental, o conceito de fusão da terapia de aceitação e compromisso e os comportamentos automáticos, a depender do enfoque conceito das duas áreas do conhecimento citadas.

Na terapia cognitivo-comportamental (TCC) se pensa que depressão e ansiedade são produzidas pela percepção distorcida da realidade através de pensamentos negativos como “eu sou um fracasso, incapaz, vou ter crise de pânico, as pessoas tem vergonha de mim” etc. Esses pensamentos seriam a base de emoções e comportamentos que levam a um ciclo de depressão e quadros ansiosos.

Na TCC  se observa que trabalhar com pensamentos com intuito de levar o paciente  a perceber a realidade de maneira mais realista e clara melhora os sintomas. No entanto, muitas vezes o entendimento cognitivo não é suficiente e o paciente mantém um estado emocional contrário, negativo. Nesses casos o segundo conceito, o da fusão e do automatismo são úteis.

Estar fusionado com os pensamentos significa ter um envolvimento com eles e com o estado emocional, sem a consideração de que pensamentos e emoções são tão somente estados mentais que acontecem dentro de nós. Perceber isso parece simples e é, mas é ao mesmo tempo poderoso, pois permite mudar a estratégia de tentar “mudar”, evitar, transformar, controlar os pensamentos e emoções.

Traz um alívio saber que é possível estar bem e alcançar melhora sem ter que resolver esses estados emocionais. O estado de fusão leva a respostas automáticas cujo único objetivo é evitar o desconforto produzido por esses pensamentos emoções negativas. Ter consciência da ocorrência do fenômeno e mudar a perspectiva pode ser libertador.

Se eu percebo de maneira consciente o que se passa dentro de mim, não reajo automaticamente a isso, buscando aliviar, reprimir, expulsar, mas observo de maneira consciente, é possível fazer escolhas mais voltadas para o que se deseja alcançar, o que traz vitalidade e enriquece a vida. Dessa forma os sintomas de depressão e ansiedade vão melhorando, sem que inicialmente o objetivo em si seja controlá-los, mas o controle pode vir com a mudança de perspectiva.

Dr Caio Magno – psiquiatra, terapeuta cognitivo-comportamental, instrutor de mindfulness

Caio Almeida

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