Categories: Psiquiatria

Café filosófico: cidades de praia e bem estar

Sou um fã de exercício. Ao longo da vida já passei por natação, polo aquático, musculação, crossfit e atualmente tenho corrido. Já é bem conhecido, o efeito da atividade física sobre depressão e ansiedade. Atividade moderada 3-4 vezes por semana tem efeito semelhante a antidepressivo. Enfim, antes que discorra sobre o que nem era o ponto dessa breve discussão.

Estava, eu, nascido em Salvador (Bahia), atualmente morando em São Paulo há 8 anos, onde fiz minha formação. Estava eu, correndo hoje na orla de Salvador, onde vim passar as festividades de final de ano. Durante o dia havia lido um pouco de um livro que não tem tradução para o português: ACT Made Simple, algo do tipo, terapia de aceitação e compromisso descomplicada (Russ Harris), quando comecei a admirar o mar, o pôr do sol, enquanto corria. Até então meus pensamentos estavam envoltos em questões relacionadas ao que estava fazendo ou iria fazer e a um certo desconforto da corrida, já que o vento estava forte.

Pensei, por que São Paulo e cidades de praia são tão diferentes? As pessoas vivem de um modo diverso, até o ar, sons, a energia parece que corre de outra forma. Me veio à mente o conceito de desfusão, sobre o que estava lendo. E me dei conta que fiquei meio absorto na beleza do mar e do pôr do sol por um longo tempo. Minha atenção fora atraída pela brisa no rosto, pelos tons alaranjados do céu e pelo cheiro do  mar. Assim que me dei conta desse estado de presença, produzido pela percepção do mar, imediatamente obtive minha resposta: o mar, seu tolo! Eis a diferença.

Comecei uma breve reflexão, o mar é um grande lembrete, onipresente. As cidades litorâneas costumam ter uma via principal na orla. Todos passam pelo mar e ele atrai nossa atenção. Se estávamos num processo ruminativo, sentindo alguns desconfortos emocionais, num estado demasiado envolvido, entrelaçado em pensamentos e emoções, quando o mar aparece, com seu cheiro, cores, brisa, o céu azulado, as pessoas felizes na praia. Tudo isso atrai nossa atenção e nos damos conta de que o que se passava internamente eram pensamentos e emoções, e existem coisas que trazem vitalidade, algo energizante. O mar é um grande fator de desfusão!!

É lógico que muitos podem discordar dessa minha reflexão. É algo bem pessoal, até um pequeno exercício imaginativo, uma brincadeira. Não quero dizer que São Paulo não tem sua riqueza e qualidade, pois amo a cidade. O que trago é a qualidade do mar capaz de levar as pessoas a um estado de presença e admiração, servindo de potente fator psicológico. E teorizo que é um motivo para que as pessoas dessas cidades sejam mais tranquilas, abertas, comunicativas, talvez apreciem mais, estão mais presentes.

Caio Almeida

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