Dúvidas mais comuns – Psiquiatria

Escrito por Caio Almeida

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Existem muitas dúvidas relacionadas às medicações psiquiátricas, mas certamente a mais comum é: "vou ficar dependente da medicação"?

Dúvidas mais comuns da psiquiatria.

1.Vou ficar dependente?

Existem muitas dúvidas relacionadas às medicações psiquiátricas, mas certamente a mais comum é: “vou ficar dependente da medicação”?

Os remédios psiquiátricos e a psiquiatria de maneira geral ainda tem uma imagem ruim e isso se deve à representação dela artística (nos filmes), a desconhecimento e a ideologias de alguns grupos anti psiquiatria.

As medicações psiquiátricas são seguras, lógico que como todo remédio, até tirando o exemplo de antiinflamatório, deve ser bem indicado. Antiinflamatório se usado de maneira inadequada pode causar problema renal, sangramento, mas não se costuma comentar sobre isso.

As medicações não devem deixar o paciente sedado, indisposto, como um zumbi. O ajuste adequado, a medicação correta, a dose específica são o suficiente, na grande maioria dos casos, para que o paciente não tenha os efeitos colaterais.

E a maioria não causa dependência. Antidepressivos e os remédios do tratamento de ansiedade de longo prazo não causam dependência. As medicações tarja preta que causam e elas são indicadas por curto período.

2. Remédio psiquiátrico engorda?

Acredito que uma dúvida comum entre mulheres é se o remédio pode causar ganho de peso. Geralmente o ganho de peso, quando é o caso, se deve a aumento de apetite e não alteração de metabolismo. Não é a regra, um paciente pode ter aumento de apetite com uma medicação, mas não com outra, sendo algo bem individual.

Existem medicações menos propensas a ter esse efeito colateral e o psiquiatra pode avaliar de maneira adequada. Também existem algumas medicações que podem favorecer perda de peso em alguns pacientes. De maneira geral são bem tolerados com pouco ou nenhum efeito colateral.

3. Posso parar o antidepressivo quando eu quiser?

De maneira geral o tratamento de um primeiro quadro depressivo ou ansioso dura um ano. A dose depende de cada paciente. É muito comum quando há interrupção súbita, sem reduzir gradualmente a dose, apresentar sintomas de retirada, que nada mais são o resultado da diminuição abrupta dos níveis sanguíneos. Isso não representa abstinência ou indicativo de dependência. Para evitar isso, a medicação é retirada  gradualmente com orientação adequada, não produzindo os efeitos de descontinuação.

4.Vou ter algum problema com a libido?

Também é muito comum, o questionamento quanto às questões da libido e da parte sexual. Existem muitas medicações diferentes e de classes abrangentes na psiquiatria, a maioria bem tolerada pela maior parte dos pacientes. Alguns efeitos colaterais que podem ocorrer são redução da libido, dificuldade para ter orgasmo, tanto em homem quanto mulheres e mais raramente dificuldade de ereção. Esses efeitos melhoram com a saída da medicação e são bem individuais, com a minoria dos pacientes apresentando e geralmente passam com o tempo. Caso se mantenham a medicação é trocada por outra com melhor perfil para aquele paciente.

Depressão e quadros ansiosos também podem ter impacto nessas áreas, ou seja, redução da libido, falta de interesse por sexo costumam melhorar com o tratamento ao invés de piorar.

A questão importante a ser colocada é que um bom psiquiatra sabe manejar tais resultados de maneira adequada e escolher o melhor perfil de medicação para cada paciente, com o objetivo de que ele fique bem e sem efeitos colaterais.

5. Vou ficar curado?

Escuto muito essa pergunta. Quando o paciente apresenta um quadro de depressão ou ansiedade, frequentemente quer saber se depressão ou pânico tem cura. O conceito de cura para questões emocionais não é adequado pois a “doença psiquiátrica” é diagnosticada a partir de uma extrapolação excessiva de vivências normais. Ansiedade, tristeza, desânimo são sentimentos da vivência humana. Dessa forma, não podemos falar em cura pois estaríamos criando a expectativa de não ter mais ansiedade, sentir-se angustiado ou qualquer  emoção. É claro que a pessoa pode ficar bem, mas significa saber manejar as emoções, lidar bem com os sentimentos e experiências internas e externas.

6. Esse remédio é forte?

Essa pergunta, acredito eu, que seja uma das que mais escuto. Provavelmente pela imagem da psiquiatria, na sua representação artística dos filmes e novelas ou pela representação cultural e imaginário construído em torno da figura do psiquiatra e da psiquiatria.

Quando as pessoas falam em remédio forte querem na verdade descrever sedação e a imagem que vem às cabeças dos pacientes é de alguém vagando com olhar perdido, lentamente, alheio ao mundo e com sono.

Sedação pode acontecer com algumas medicações, principalmente no início, mas não é efeito da maioria dos psicotrópicos. O bom psiquiatra consegue introduzir a medicação lentamente, esperando o efeito sedativo ir sumindo. Esse ajuste fino permite que o paciente se adapte bem aos remédios.

Escrevo muito sobre a desmistificação da psiquiatria pois a imagem é ainda negativa já que são muitas frentes propagadoras de ideias distorcidas.

A psiquiatria nada mais é que a especialidade médica, como qualquer outra, que cuida dos problemas emocionais, tratando e fazendo uso de medicações de maneira segura, seguindo boas práticas clínicas.

Faço um adendo, em virtude de questionamento se eu que escrevo os textos, respondo. Sim, escrevo todos; é um hobbie e exercício para mim, uma atividade de lazer.

Dr Caio Magno – Psiquiatra – Moema -São Paulo

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