A falácia dos pensamentos negativos

Culturalmente está enraizado que devemos pensar de maneira positiva. Pimba! Se surge um pensamento negativo devemos rapidamente trocar por um positivo! “Burro! Não, sou inteligente”; “Não consigo! Sou muito capaz!”. Quem nunca leu algo em algum livro sobre isso? São centenas de livros de auto-ajuda, cursos de finais de semana que buscam fazer com que você consiga o que quer pensando de maneira positiva. Dúvido que alguém tenha conseguido essa proeza pois a natureza da nossa mente é pensar de maneira negativa. Ao longo de milênios vem evoluindo dessa forma, antevendo ameaças, predizendo o futuro catastrófico e revisitando o passado para encontrar falhas. O ser humano é o que é hoje pois pensa de maneira negativa.

A questão não está no processo em si pois é natural, normal, mas como ficamos tão envolvidos em cognições depreciativas, presos, trancafiados nelas, de modo que perdermos boa parte da vida. Os terapeutas cognitivos-comportamentais que compõem a terceira onda trabalham esse processo e dão um nome: fusão. Quando estamos entrelaçados a esses pensamentos e eles determinam nossas ações, deixamos de escolher, vivemos no piloto automático, reagindo a eles e as emoções que vem em conjunto. Nessa guerra interna duvido muito que alguém consiga se engajar e se conectar no que é importante, dúvido que consiga promover ações efetivas para enriquecer e trazer sentido para a vida pois está, durante boa parte do tempo, entrelaçada a esses pensamentos e eles acabam determinando suas vidas.