Presente momento, ansiedade e depressão

A tendência natural da mente é dispersar-se. Se estamos com o foco direcionado para alguma atividade, sem nos darmos conta, de repente alguma história começa a se formar dentro de nós.

E não há nada de errado nisso, até mestres zens com décadas de prática meditativa se distraem.

O problema está na desconexão constante, que geralmente está relacionada com pensamentos e emoções negativas como ansiedade e sintomas de depressão. O resultado é perder o momento, deixar de apreciar o que se faz, não sentir prazer e satisfação, e de maneira geral um distanciamento emocional de outras pessoas. A vida vai se tornando vazia, empobrecida e sem vitalidade.

Há como sair desse abismo e injetar mais vitalidade e satisfação na vida? Sim, aprendendo a estar mais presente. Como qualquer outra habilidade, levar atenção ao momento pode ser algo treinado e quanto mais se pratica maior é a capacidade de trazer de volta a mente quando ela se dispersa. São inúmeras técnicas voltadas para tanto que basicamente envolvem levar o foco para algo como respiração, sensação no corpo, algum som, pensamento, emoção, impulso, qualquer coisa que entre no campo da consciência. A pessoa gentilmente direciona sua atenção para esse foco com uma atitude de abertura à experiência, de maneira curiosa, como se fosse a primeira vez. Caso distrações surjam, e vão surgir, basta que se reconheça o que as produziu e sem forçar, trazer de volta a percepção para onde estava, num processo que pode ser repetitivo quantas vezes forem necessárias.

Essa habilidade é muito útil para lidar com estados de ansiedade e depressão, que são caracterizados por frequentes momentos de ruminação (ficar pensando sobre o passado) ou preocupações (pensamentos sobre o futuro). Os pensamentos vem e vão e simplesmente reconhecemos que surgiram e deixamos que sigam como se fossem folhas que caem das árvores e são carregadas pela correnteza de um rio.

Na Universidade Federal de São Paulo, onde fiz minha formação, há um sinergismo entre o seguimento psiquiátrico e psicológico. Acredito que por essa vivência que busquei me aproximar e ingressar nas áreas de terapia cognitivo-comportamental, mindfulness e terapia de aceitação e compromisso. São ferramentas que se bem aplicadas e indicadas podem contribuir com o tratamento psiquiátrico de quadros ansiosos como síndrome do pânico, fobias, transtorno de ansiedade generalizada e depressivos como o transtorno depressivo maior.

Num post seguinte vou abordar um pouco o aspecto da emoção, como estar consciente das emoções e como isso pode contribuir no tratamento das questões acima.

Dr Caio Magno – Psiquiatra, terapeuta cognitivo-comportamental, instrutor de mindfulness ( São Paulo)

Caio Almeida

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