Bipolaridade ou transtorno bipolar é um quadro muito mal entendido entre a população. Muitos pacientes costumam dizer que são meio bipolares e se identificam com o nome. O erro reside numa questão de significado. A palavra bipolaridade traduz polos opostos e por isso as pessoas costumam comparar sua variação do humor com isso, concluindo que tem bipolaridade. É importante considerar que apresentar variação do humor é normal, ficamos tristes, ansiosos, irritados e quase todos quadros psiquiátricos apresentam variação do humor.
Na bipolaridade, quando nos referimos a isso, estamos falando de dois quadros: depressão e mania.
Uma pessoa tem diagnóstico de bipolaridade quando apresenta episódios de mania ( euforia, aumento de energia, aceleração do pensamento , desinibição, irritabilidade, aumento de atividade, etc) e episódios depressivos ( tristeza, anedonia, falta de energia, angústia, baixa auto estima). Para apresentar tais quadros é necessário que os sintomas tenham um impacto e duração características, ou seja, difere de apresentar tristeza, alegria, aumento de energia fugazes, coisa normal.
O tratamento envolve medicação (estabilizadores do humor) e regulação dos hábitos de vida, preservando sono e reconhecendo se o humor está mudando de polo, sendo possível construir estratégias para manter o bem estar.
Na bipolaridade o tratamento com medicação é muito importante para evitar a progressão da doença. No entanto, a psicoterapia tem um papel fundamental. Entender as próprias dificuldades e como lidar de maneira melhor faz parte de qualquer tratamento psiquiátrico. Tomar conhecimento do próprio humor, quando começa a haver uma mudança, dos gatilhos, dos fatores desencadeantes e também entender o que é saudável e mantem a saúde equilibrada é fundamental.
Não falamos de cura para problemas psiquiátricos ou emocionais pelo simples motivo: quem teve um episódio na vida pode ter de novo. Se você teve depressão e se recupera de um episódio pode sofrer de um outro adiante. Não temos controle sobre isso e vale para todo mundo.
Sou formado em terapia cognitivo-comportamental (Centro de terapia Cognitiva – CTC Veda) e mindfulness (Universidade Federal de São Paulo). Comecei minha atuação profissioanal como psiquiatra e desde a residência já tinha interesse nas terapias/ psicoterapias. Assim que finalizei essa formação ingressei numa especialização em terapia cognitivo-comportamental.
Ficava intrigado com funcionamento da mente e pude compreender com o curso que geralmente o sofrimento se deve mais à forma como as pessoas vêem uma situação do que pela situação em si. Achei esse conceito maravilhoso e com grande potencial terapêutico.