Mindfulness é um termo com alguns significados. Começo pelo que não é. A tendência ao ver a palavra em inglês é fazer a tradução literal para “mente cheia”. Esse significado é errado e expressa algo muito contrário ao conceito.
A mente no estado de mindfulness tende a ter um fluxo menor de pensamentos. O primeiro significado se refere ao estado de mindfulness, a tradução para o português, atenção plena também não é boa. O que de fato eu inferiria que seria atenção plena?
Uma definição seria: o estado produzido ao levar a atenção para o momento presente com uma atitude curiosa e sem julgamento.
A perspectiva de mindfulness é a da observação, diferente do que estamos acostumados, fazer inferências, julgamentos, reflexões. É notar, observar sem buscar brigar com o que estamos observando, sem julgar.
Até o momento temos o seguinte.
Ao praticar mindfulness, digo, o termo pode se referir a uma prática, ou seja, levar nossa atenção ao momento presente com as características acima.
E como resultado temos o estado de mindfulness que no inglês tem uma palavra melhor: “awareness”.
Quando estamos pensando com aquela vozinha interna não estamos em mindfulness e quando notamos que estamos pensando estamos em mindfulness.
Daí partem duas perspectivas: a da mente (modo fazer, pensar, refletir, julgar e inferir) e a do eu observador (notar, reconhecer, perceber os estímulos de todos os sentidos).
Equilibrar-se entre esses dois modos, entre a reflexão e autopercepção, permite melhor gestão dos nossos estados internos, bem como maior conhecimento de si e decisões mais acertadas.
Existem milhares de estudos sobre mindfulness na literatura científica.
Existem evidências de benefício principalmente para depressão, ansiedade, dor e estresse.
A hipótese é que a prática leva a maior regulação emocional, permitindo que as pessoas possam lidar de maneira mais eficaz com as dificuldades emocionais e agir de maneira mais funcional.
Existem várias formas de se aprender como se praticar mindfulness.
O que se recomenda é que a pessoa seja instruída por pessoas com conhecimento da área.
É possível através de grupos ou workshops ou através de retiro (esse último por ser mais desafiador é indicado geralmente para quem já tem alguma vivência).
Também existem formas de se incluir mindfulness no acompanhamento psicológico.
Eu costumo inserir elementos na psicoterapia quando existe abertura e necessidade de melhorar a regulação emocional.
Sou formado em terapia cognitivo-comportamental (Centro de terapia Cognitiva – CTC Veda) e mindfulness (Universidade Federal de São Paulo). Comecei minha atuação profissioanal como psiquiatra e desde a residência já tinha interesse nas terapias/ psicoterapias. Assim que finalizei essa formação ingressei numa especialização em terapia cognitivo-comportamental.
Ficava intrigado com funcionamento da mente e pude compreender com o curso que geralmente o sofrimento se deve mais à forma como as pessoas vêem uma situação do que pela situação em si. Achei esse conceito maravilhoso e com grande potencial terapêutico.