Recentemente tenho observado no instagram uma profusão de posts sobre esse termo “cringe”. Acho curioso como algo do tipo surge. Vi uma notícia no UOL, inicialmente, com o termo, mas não me interessei. Achei que era mais um sensacionalismo de algo sem importância. Não que eu veja como relevante esse termo e todo esse engajamento voltado para definir o que de fato ele é. Após começar a ver a questão por todos os lados, e minha mãe de 63 anos me explicar o que significava, pois não entendia aquele mundo de posts, resolvi ler sobre. Ser cringe pelo que entendi é ser antiquado, palavra mais bonita por sinal, cafona, ou como alguém me disse, tiozão.
De repente me vi tiozão com 35 anos, nascido em 1985. Fiquei pensando em muitas coisas levantadas por esse fenômeno. Num primeiro momento, achei bobagem, essa discussão, tanta energia e atenção envolvidas, levantadas pela geração de 1995-2010, dita geração z. Nem sei, se de fato, foram eles que levantaram, mas acredito que tenham se engajado firmemente com sua compulsão por redes sociais. Afinal, foi a geração que viveu de maneira mais intensa esse fenômeno. Instagram, Tik Tok e cia agradecem (este nem optei por conhecer). Sei que é uma rede social de vídeos. Aí me pergunto para que mais uma rede social para sugar meu tempo.
A geração das redes não deve ter visto o documentário “O Dilema das Redes”! Talvez seja antiquado demais. Melhor ficar nos podcasts, tik toks e vídeos engraçados do YouTube. Talvez essa geração não consiga ver vídeos de mais de 5 minutos, sentar a uma mesa de restaurante e apreciar o momento com uma companhia sem ter que fazer um novo post ou mais um self pseudo sexy. Não sei se é impressão minha, mas todo mundo agora se acha Sharon Stone (só para explicar, é uma atriz muito famosa que foi símbolo sexual de uma geração). Não sei se a cultura de hoje permite navegar por outras artes do passado.
Nossa! Me dei conta que não falei sobre o tema do título. Talvez um devaneio meu e, com certeza, ninguém vai ter muita paciência para ler um texto desse tamanho, ou “textão”. Aí já não sei de que geração é esse termo, mas acredito que já seja antiquado, coisa de tiozão, determinada pelos sábios jovens de menos de 30 anos. Os mesmos jovens, que hoje em dia, falam em amores líquidos, fluídos, sei lá. Ou que terminam a faculdade e ficam morando com a mãe para terem comida e roupa lavada porque são muito espertos; querem economizar o dinheiro para perseguir o sonho de serem CEOs de empresas como Apple, Microsoft, etc. Afinal quem tem que pagar pelo custo de vida não são eles, mas os pais da geração passada, geração do esforço; acredito que é isso. Quando se esforçar e batalhar na vida era uma qualidade e não um defeito.
E quando esses adultos estão entediados vão para o Tinder e cia procurar um amor. Amor de fato? Talvez seja um pouco demais não? Porque amor se constroi e nesse ritmo, de match em match, com uma lista de contatinhos, não sei se dá para construir algo que se pareça com amor. Ahhh, mas tem gente que diz que são amores líquidos, uma tendência. Talvez algo como uma coleção de primavera/verão que no inverno entra em liquidação! Se sentar para tomar café, ficar no bar e tomar um chope é antiquado, e nesse processo não olhar rede social, nem ter vontade de postar o brilho místico da bebida gelada, prefiro ser antiquado mesmo. A fazer caras e bocas tirando aquela foto “perfeita” que não se parece nem com a pessoa.
Eu fico me perguntando por que estou um pouco irritado ao escrever sobre isso. Acredito que tem a ver com uma constatação muito forte sobre esse pseudo fenômeno de perda de tempo, e falo desse “novo” termo, cringe. Existe uma epidemia de ausência de responsabilidade entre homens e mulheres. Parece que andam nas nuvens em busca de duendes. Quando vão aterrissar e por os pés no chão? Quando vão assumir responsabilidades? E digo, sair de casa, ter coragem e enfrentar a vida, assumir um relacionamento. Que tal definir um objetivo e ir em busca dele ao invés de ficar olhando a vida alheia no instagram, perdidos em pseudo devaneios sobre o nada? Já diria Jerry Seinfeld… não vou explicar. Pesquisem!
Que tal conhecer pessoas de verdade com qualidades e defeitos e se engajar num relacionamento com alegrias e frustrações? Se envolver, construir uma relação duradoura com RESPONSABILIDADE, e alicerçar um amor de verdade? Que tal responder àquela garota interessante que busca um homem responsável e deixar de ser um menino? Que tal parar de pensar em ser o próximo CEO da Apple e levantar a bunda da cama comprada pela mãe para procurar um apartamento para alugar e tocar uma vida independente? E que tal parar de postar dancinha de qualquer coisa e de fato buscar assistir a artistas de verdade se é o caso?
E concluo. É evidente que as gerações são distintas. Viveram e se desenvolveram em circunstâncias diferentes e, logo, vão enxergar o mundo de maneira desigual. Não quer dizer que não devemos refletir sobre algumas bobagens e tendências das gerações. O divórcio, por exemplo, era um absurdo antigamente. Ninguém, nos dias de hoje, defende que pessoas vivam relações infelizes e que não possam seguir novos rumos. É óbvio que a geração y ( a minha), como nossos pais, se apega a coisas que viveram e poderia buscar conhecer novas tendências. Experienciar e escolher é o caminho para maturidade. Agora essa coisa de não se comprometer com nada, da geração Z, com seus amores líquidos e dancinhas do Tik Tok, e levantar a crítica aos tiozões que gostam de sentar para apreciar uma boa conversa tomando café, ao meu ver é um abismo da sociedade atual.