Sistema de recompensa
O sistema de recompensa consiste numa parte do cérebro relacionada às sensações prazerosas. Muito provavelmente você já deve ter ouvido falar dessa estrutura relacionada a comportamentos aditivos como a dependência de drogas. Esse sistema, no entanto, não se resume a isso, e está no cerne do reforço de qualquer comportamento que produza alguma sensação de bem-estar. No livro Self em Evolução do autor Mihaly Csikszentmihalyi há uma discussão muito interessante sobre o papel evolutivo das sensações que geram prazer e como nosso arcabouço biológico está ainda pré-história.
O excesso de nutriente e o corpo não adaptado
O autor traz o exemplo do sal, nutriente importante da dieta do ponto vista da estabilidade dos eletrólitos do nosso corpo. DIferente da atualidade, era recurso extremamente escasso. Suas minas enriqueciam qualquer governo que as possuísse. Ingerir pequenas quantidades nos alimentos era a regra, trazia sabor e não gerava problemas. No entanto, com o desenvolvimento de formas de extraí-lo em grande quantidade de maneira barata, os alimentos foram impregnados do elemento, trazendo os problema que conhecemos hoje em dia como a hipertensão arterial. Nosso aparelho biológico estava preparado para as quantidades de milhares de anos atrás e ainda não evoluiu e se adaptou.
Falamos do sal, mas poderíamos trazer qualquer outro exemplo que se usado em excesso gera problemas como açúcar, gordura e álcool. Nossa genética está no passado e os costumes mudaram.
O excesso da socialização e seu problema
Se substiturmos nutrientes ou alimentos por um comportamento como socialização, a analogia ainda se mantém. Estar em grupo gera prazer, ter com o outro, conversar, estar entre pessoas. O comportamento foi extremamente reforçado em virtude do papel protetor do grupo num mundo hostil (bichos, frio, calor, escassez de recursos, guerras, morte). A sociedade se organizava para gerar mais estabilidade e proteção para o grupo.
O que acontece se hiper estimulamos o comportamento de socialização? Imagine uma pessoa que se esquece dos afazeres para estar o tempo todo com outros. Que energia produtiva terá para levar adiante alguma meta? A evolução da sociedade não foi acompanhada pela evolução de nossa genética. A socialização era e é fator fundamental e servia a um fim de proteger e desenvolver o grupo. O excesso reconhecido em exemplos de nossa sociedade, do playboy ao bon vivant, traz prejuízos desperdiça a energia que seria aplicada em outras situações.
Conclusão
O autor discute a seguinte questão: a sociedade mudou e nosso corpo ainda está lá atrás. A busca pelo prazer de modo excessivo é disfuncional e gera infelicidade. Talvez um dia nossa genética se adapte a isso, mas não é o caso da atualidade. Não perceber essas engrenagens milenares viver ao sabor dos impulsos ao invés de construir uma vida em função de propósitos individuais.