Eu não consigo meditar!
Acredito que uma das queixas mais comuns relacionadas à meditação é “eu não consigo meditar, manter o foco, minha mente desvia, se distrai”. O que está por trás dessa percepção? A noção da necessidade do esforço. E por que isso acontece? Pelo mesmo motivo que fazemos todas as outras coisas da vida. Aprendemos que concluímos algum objetivo, meta ou atingimos algum desejo se investimos energia, arregaçamos as mangas e vamos para a luta.
Não tenho a intenção de reduzir a importância desse tipo de atitude. Somos, em boa parte, a espécie mais avançada hoje em virtude dessa capacidade tão comum à mente; trazer um foco e investir energia nele em busca de novas resoluções. O problema que surge a partir dessa visão é o seguinte. Apesar de nossa mente ter a tendência de rapidamente se esforçar para destrinchar alguma realidade, não é o seu único aspecto, mas o mais evidente.
O esforço é a representação da cultura ocidental
O esforço é a representação da cultura ocidental. Conhecem o sonho americano? Tenha uma ideia, invista energia, tempo, dedicação nele e conseguirá a riqueza que deseja. É algo tão embutido em nosso interior que tentamos usar esse ótimo recurso para tudo, inclusive na meditação. E é aí que surge o problema pois meditar significa não se esforçar. É uma atitude mais suave de direcionar sua energia e atenção gentilmente. Não de faca nos dentes ou de “eu não vou desviar minha atenção custe o que custar”.
Meditar envolve suavidade não esforço
Meditar é estar presente e reconhecer a própria tendência da mente de se distrair e entrar no falatório mental. Menos é mais. Sair da tendência ao esforço de concentração para um toque mais suave em direção a algum foco, e tudo bem se houver uma distração.
Alguma semelhança com a vida? O que é mais saudável para nós? Ir em busca de algo a qualquer custo, ou talvez, de maneira diferente, com mais leveza, reconhecendo as resistências, os bloqueios, o que o mundo dar de resposta. E a partir disso redirecionar a energia?
Menos é mais.