Modo ser, modo fazer e suas implicações para ansiedade e depressão

Escrito por Caio Almeida

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Essa discussão é bem interessante pois as pessoas não se dão conta que existem dois modos de funcionamento mental, passam por eles habitualmente, mas não os reconhecem. Um equilíbrio entre essas formas de encarar a realidade pode produzir bem estar, com benefício para sintomas de ansiedade e depressão. Vou definir brevemente os dois modos e […]

Essa discussão é bem interessante pois as pessoas não se dão conta que existem dois modos de funcionamento mental, passam por eles habitualmente, mas não os reconhecem. Um equilíbrio entre essas formas de encarar a realidade pode produzir bem estar, com benefício para sintomas de ansiedade e depressão.

Vou definir brevemente os dois modos e discutir a implicação de ambos para produzir sintomas ou regulá-los. O modo fazer é responsável pela resolução de problemas, o utilizamos o tempo todo. Se temos algum problema, produzimos julgamentos, inferências, propomos soluções, tudo através da reflexão e de um diálogo interno; aquela vozinha que fala dentro de nossas mentes. É tão voltado para a resolução de problemas que é também conhecido como modo de resolução de problemas. Através dele a humanidade conseguiu evoluir, construir grandes cidades, inventar novas tecnologias, desenvolver a ciência etc. Esse modo, apesar de muito útil também traz problemas.

O pensamento é o seguinte: já que podemos resolver tantas questões externas, materiais, com as reflexões, inferências e tal, por que não podemos fazer o mesmo com nossos estados internos? É aí que se encontra o problema. Os estados internos estão fora do nosso controle; inferir, julgar, reprimir, controlar, buscar e buscar soluções de maneira compulsiva, ruminar, antecipar o futuro, rever o passado, não produz uma vida de satisfação e vitalidade, muito pelo contrário é capaz de miná-las.

O modo ser é o modo da experiência direta, da observação. Quem nunca ficou por alguns instantes completamente imerso numa atividade, sem se dar conta que o tempo passou, simplesmente apreciando a vivência momento a momento. Talvez contemplando um pôr do sol, uma obra de arte, tocando um instrumento, fazendo uma atividade de trabalho. É um estado de observação, no qual ficamos conscientes da nossa experiência presente, sem que o foco seja o diálogo interno, inferir, refletir, tão somente o intuito é notar o que está presente. A este “Eu” que observa, damos o nome de “Eu observador”.

Ok, já discutimos sobre os dois modos. E como eles atual no bem estar e na produção de sintomas de ansiedade e depressão?

A tentativa de controlar estados internos, através do uso excessivo do modo fazer gera ansiedade e sintomas depressivos. Pelo contrário, reconhecer estados internos, tanto pensamentos como emoções, sem que eles tomem conta da experiência e do nosso comportamento, mas que possamos notá-los, e partir disso fazer escolhas em direção a ações que levam a uma vida enriquecedora e com vitalidade, gera satisfação, bem estar e de bônus pode regular sintomas ansiosos e depressivos.

Do ponto de vista de tratamento psiquiátrico e psicológico de quadros ansiosos e depressivos, sabemos que as medicações tem eficácia comprovada e que as psicoterapias também. Identificar e fazer bom uso dessas ferramentas nos casos apropriados sempre vai no encontro de maior benefício dos pacientes.

Caio Magno – Psiquiatra, terapeuta cognitivo comportamental, instrutor de mindfulness (Estar Saúde Mental, Psiquiatria, São Paulo)

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