Mudança de paradigma da mente na psicologia
Esse tema da psicologia é muito interessante. Antes de mais nada friso, existem dezenas de terapias ou psicoterapias. Meu conhecimento envolve terapia cognitiva de Beck, terapia de aceitação e compromisso (ACT) e mindfulness. As duas primeiras são terapias cognitivos-comportamentais e a última é uma abordagem utilizada em psicoterapias ou de maneira mais pura como programa específico de atenção plena.
O que quero discutir é a questão do paradigma de consertar a mente ou se relacionar com a mente. Que seria isso? Por trás de muitas terapias, inclusive a terapia cognitiva de Beck, o conceito que se apresenta é: “existe algo de errado com algum pensamento, ele não é realista e por isso você sofre”. Dessa forma, “consertando” o pensamento, trazendo ele mais para a realidade, a pessoa se sente melhor e age de maneira mais funcional. Esse é um modelo que embasa também a psicanálise; existe algo de errado dentro de você e precisamos acessar e resolver.
Já na terapia de aceitação em compromisso, a visão é completamente diferente. Considera-se que a mente naturalmente produz vários pensamentos com conteúdo dito “negativo” numa tentativa de proteger a pessoa de perigos: “cuidado, você precisar entregar esse trabalho a tempo; seu chefe não está gostando do seu desempenho; sua esposa vai te abandonar”. A nossa mente evoluiu para criar cenários e quer nos levar para a segurança. Isso foi muito importante no passado distante quando as ameaças naturais eram abundantes. “Não vá por aí, tem um tigre espreitando”. No mundo de hoje gera insatisfação, falta de sentido e vitalidade. Na ACT não se tenta consertar a mente, mas criar habilidades para que esses processos naturais não interfiram no desenvolvimento de uma vida rica e com sentido. Que a pessoa construa habilidades para manejar melhor os estados internos (pensamentos e emoções), libertando-se do aprisionamento que muitas vezes a nossa mente nos impõe.
