Essa frase me ocorreu num contexto de um atendimento. O tema era ansiedade e acredito que a base dessa emoção e de como interage conosco está definida nessas palavras. Qual é a grande questão da ansiedade?
A ansiedade é a resposta natural ao risco e insegurança. O pensamento que surge tem a ver com algo de ruim vai acontecer comigo e não posso passar por isso ou lidar com isso. Se surge alguma situação externa ou interna (um pensamento por exemplo) que indique insegurança a ansiedade naturalmente irá aparecer. A questão é como ela se tornar um problema. Como ela deixa de ser uma resposta natural do corpo e da nossa subjetividade e vira um transtorno?
Vamos à frase então? Qual é o medo do ansioso? Eu diria que é se ver vulnerável diante da situação de risco. O ponto é que todos somos vulneráveis diante da vida. Não surgem doenças do nada, fatalidades, a pandemia, por exemplo? Isso não significa que somos frágeis e que não temos os recursos para nos sustentarmos diante dessas dificuldades. O desejo do ansioso é não se colocar em vulnerabilidade; quer ser invulnerável; não aceita suas deficiências pois em sua mente esse reconhecimento o torna frágil.
E nisso que se resume a frase: o ser humano é mais vulnerável do que pensa e menos vulnerável do que imagina. A reformulação da percepção baseada nessa reflexão é: o ser humano é vulnerável, no entanto, não significa que seja frágil. Reconhecer essa vulnerabilidade é uma atitude de força e talvez a fonte desse empoderamento.
Dr. Caio Magno – Psiquiatra e terapeuta – São Paulo – SP