Hoje em dia existem dezenas de linhas de tratamentos psicológicos, as chamadas psicoterapias ou simplesmente terapias. Estava lendo um texto recentemente sobre a eficácia delas e quais fatores estão relacionados e achei interessante produzir este breve relato.
Enquanto decantava um pouco o conteúdo absorvido, recordava de uma discussão interessante que meus colegas de residência, meu supervisor de psicoterapia na época, e eu, tivemos sobre como seria um residente de psiquiatria de primeiro ano começar a atender como terapeuta sem muita bagagem ou quase sem. Fiquei impressionado com o relato do meu supervisor, pelo qual tenho muita estima pela solidez com que discutia e se apropriava da sua área de conhecimento. Ele simplesmente comentou que a terapia que iríamos fazer também funcionava, apesar de não conhecermos ainda tanto da técnica.
Não quero dizer que não há necessidade de conhecimento e treinamento, na verdade é fundamental seguir uma técnica e embasamento teórico, mas existem fatores inerentes a todas terapias e talvez mais consolidados em algumas, que sabidamente estão associados a melhor desenvolvimento do paciente.
Os principais fatores são:
Aliança terapêutica
Uma relação de colaboração entre o profissional e o paciente voltada para as metas que o primeiro deseja atingir, associada a um compromisso de ambos com as tarefas e recursos para chegar onde se deseja
Empatia
Compreensão das dificuldades do paciente com uma sintonia emocional e comunicativa
Feedback
Monitorização da resposta ao tratamento através de reavaliações com ou sem escalas
Comprometimento com metas
Entendimento, concordância e um comprometimento com metas da terapia.
Colaboração
Relação cooperativa mútua entre paciente e terapeuta
Consideração positiva
Paciente se sente respeitado e percebe o interesse do terapeuta em ajudá-lo
Em resumo terapeuta e paciente fazem um compromisso, contraem uma relação de colaboração mútua e empática, com intuito de que possam trabalhar e chegar nas metas acordadas.
Lembro que meu relato inicialmente trouxe a dúvida por que a terapia do residente de primeiro ano também funcionava. Nós todos estávamos interessados nos problemas dos nossos pacientes, com interesse de contribuir para achar soluções, firmávamos um compromisso de que ambos teríamos nossos papeis com esse objetivo e é claro tínhamos supervisão com orientações técnicas.
É evidente que os pacientes são diferentes uns dos outros e dessa forma o terapeuta experiente pode intensificar ou flexibilizar alguns aspectos para melhor desenvolvimento do processo de terapia. Como é um tópico do qual gosto muito vou trazer outros breves relatos em outros momentos e deixo abaixo uma referência técnica livre sobre o tema.
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4994791/pdf/10.1177_0706743716659418.pdf
Dr Caio Magno (psiquiatra, terapeuta cognitivo comportamental, instrutor de mindfulness, Clínica Estar Saúde Mental).