Cuidado com calmantes
Tratamento psiquiátrico faz mal? Nos atendimentos uma das mais importantes dúvidas se refere aos potenciais malefícios do tratamento com psicotrópicos. É curioso que quando se fala em tratamento medicamentoso muitos pacientes tem a imagem do uso de calmantes como rivotril e frontal e os efeitos adversos do mal uso deles. Curiosamente essas medicações não são carro chefe de nenhum tratamento na psiquiatria e tampouco são os psiquiatras que mais prescrevem eles.
Remédios para tratar ansiedade
Alguns devem estar se perguntando se eu estou falando sério. “Eu pensava que calmante era remédio de psiquiatra”! Muito pelo contrário, os médicos que mais prescrevem são os cardiologistas, ginecologistas e clínicos. vou explicar o porquê. O tratamento de quadros ansiedade envolve identificação do diagnóstico específico, fatores relacionados à manutenção dos sintomas e escolha da medicação adequada. Os ansiolíticos como rivotril ou frontal não são as medicações de escolha para tratar esses problemas e o que acontece é que quando existe um elemento que sugira ansiedade em consultas com as especialidades relatadas acima, esses remédios são prescritos de maneira inadequada. O que acontece é que o paciente passa a usar para ansiedade e sono e fica dependente, mantendo a ingestão por anos.
As principais medicações utilizadas para tratamento de quadros ansiosos como o pânico são os inibidores da recaptação de serotonina (ISRS) e inibidores da recaptação de serotonina e noradrenalina (IRSN). E essas medicações não causam dependência e não costumam causar sonolência.
Cuidado com tarja preta
Os remédios ditos tarja preta foram muito vinculados ao psiquiatra, mas o bom psiquiatra é o profissional que menos faz uso de prescrições com ele. No meu consultório, costumo usar muito pouco essas medicações e por períodos curtos como foco específico. Geralmente não há a necessidade de mantê-los por muito tempo.
Escrevo esse texto para tentar desmistificar a questão da imagem ruim de remédios psiquiátricos associada de maneira ao uso do rivotril e outros ansiolítico. E faço a ressalva, essas medicações também quando usadas de maneira adequada são muito úteis.
Não posso me esquecer de frisar, elas realmente causam dependência tanto física quanto psicológica e portanto devem ser usadas com cautela e sob orientação profissional. No entanto não representam de modo algum a realidade da boa psiquiatria.