Hoje não vou me alongar na discussão. Me ocorreu a partir de experiências ouvidas, refletir sobre como tem sido difícil para quem tem um funcionamento ansioso, lidar com as incertezas trazidas pela pandemia. A morte realmente bate à porta. É cansativo ver os jornais com suas contagens diárias dos mortos e a expectativa da chegada aos 100000, no Brasil. Realmente é difícil e real ouvir as histórias de perdas, das milhares de famílias afetadas ou pela doença ou pelas consequências econômicas que vieram em conjunto. Não sabemos como o futuro próximo será, quando a economia irá se fortalecer de novo e se a vacina estará disponível num tempo adequado.
A incerteza, o medo, a insegurança e ansiedade são também realidade. A realidade de não sabermos como será o amanhã próximo. Por que tantas pessoas com quadros ansiosos, com TOC, fobias ou funcionamento mais rígido estão sofrendo tanto? Acredito que o que comentei acima já dá uma pista. A ansiedade é inimiga da incerteza, odeia ela e faz de tudo para se livrar. A pandemia é sinônimo de incerteza e grande fator de estresse para quem é mais ansioso.
É evidente que almejamos segurança. Quem não quer saber quanto vai receber, como vai chegar em casa e como sua família irá se desenvolver? Nós buscamos segurança sim e tudo bem. A questão é não tolerar a dúvida e a incerteza. Isso é prato cheio para quadros de ansiedade. Imagine só como sofre uma pessoa com TOC com compulsões de limpeza nesta pandemia, o quanto de ansiedade a realidade de risco de contaminação penetra no imaginário irreal das obsessões dela.
Vivemos um momento muito difícil com muitas perdas, dor e estresse. Vamos nos fortalecer para ficar só com a carga de desconforto real para que nossas mentes não o intensifique no nosso imaginário irreal.