Tratamento de botox para depressão? É isso mesmo que você acabou de ler. Isso parece estranho, mas alguns pesquisadores estão estudando e conseguindo bons resultados com aplicação do botox na região glabelar, que é aquela parte da testa acima do nariz que contraímos quando estamos com o humor rebaixado. É curioso pensar em algum tratamento que envolve paralisar uma parte da musculatura e isso poder gerar algum benefício em questão emocionais.
E como botox funcionaria para depressão?
Os estudos são iniciais e demonstram um bom efeito, no entanto, ainda é necessário corrigir os erros de metodologia desses estudos para podermos falar com propriedade que de fato o tratamento funciona. E como botox funcionaria para depressão? A eficácia é baseada na teoria do feedback muscular. O que seria isso? Quando não estamos bem, nosso corpo responde de uma forma, com tensão, contração de músculos específicos. Não à tao que é tão comum sentir dor quando existe estresse emocional.
O corpo responde às emoções e acaba favorecendo manter o estado de ânimo depressivo. É como se ao invés de alguma situação ou pensamento favorecer a mudança do estado de ânimo, seria a própria musculatura contraída que mandaria esse sinal para o cérebro, indicando manter o humor depressivo.
A teoria do feedback muscular faz sentido?
Podemos pensar que sim. Os transtornos psiquiátricos costumam se desenvolver através de mecanismos de feedback. Quando estou me sentindo triste, tenho uma tendência de pensar de maneira negativa e reagir de forma pouco funcional. Essas reações por si só alimentam mais tristeza. Esse é o ciclo. A musculatura rígida agiria dessa mesma forma gerando um aumento de emoções negativas. Essas por sua vez fazem a pessoa contrair ainda mais e expressão facial. Compreende? É nesse mecanismo que o botox poderia contribuir para tratar depressão.
Fragilidades dos estudos
Os pesquisadores indicam que os estudo precisam ser melhor elaborados. É difícil fazer um grupo controle com placebo pois a injeção sem botox não causa paralisia. Também a pessoa fica mais feliz com a aparência, mais segura e recebe o reforço social. Isolar essas características é importante para definir que o efeito antidepressivo é da paralisia da musculatura glabelar.
Por fim, é sempre bom ver que os tratamentos psiquiátricos vem evoluindo bastante, saindo da esfera das medicações via oral para outras possibilidades. Caso botox venha de fato ser um recurso para depressão só temos o que comemorar.
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Dr. Caio Magno – Psiquiatra e terapeuta – São Paulo – SP