Geralmente psicoterapia é um processo de médio a longo prazo. No início o foco é a resolução das dificuldades que mais causam impacto e restabelecer as funções da pessoa. Com o tempo, outros elementos do funcionamento do paciente são abordados. E quando falo em funcionamento, estou me referindo ao jeito de lidar com qualquer aspecto da sua experiência; trabalho de toda uma vida. Vou frisar isso: “ao longo de toda a vida”. Aprendeu com pais, amigos, escola, faculdade, trabalho, com suas experiências prévias, formas de agir com outras pessoas, lidar com afeto, manejar emoções, expressar necessidades, demonstrar raiva, fazer pedidos, lidar com a perda e dor, etc.
Se foi um processo longo de reforço de determinados comportamentos e atitudes, não é tão simples mudar, pois a tendência natural é de o comportamento fortalecido recorrer. Dessa forma podemos pensar na psicoterapia como um investimento no desenvolvimento de habilidades pessoais, emocionais e práticas com foco na construção de uma vida mais próxima dos valores individuais.
Pensar num tratamento psicológico de médio/longo prazo, apesar de ser a realidade, vai contra a tendência natural do ser humano: o imediatismo. Plenamente reforçado pela ideia da “medicação mágica” que vai conseguir eliminar o problema. Remédio funciona bem em muitos pacientes. É bem verdade que vários se recuperam e a medicação faz parte de uma etapa. Entretanto outros tantos pacientes apresentam resposta parcial. E nesses casos certamente são reconhecidos mecanismos psicológicos mal desenvolvidos que merecem atenção. Não será de um momento para o outro que a mudança irá ocorrer. Demanda reconhecimento, aprendizado, prática e reavaliação.
Em resumo, terapia é algo de médio longo prazo geralmente pois é um processo de autoconhecimento, identificação de questões problemáticas e proposições de mudanças. E nessa jornada existe a tendência de repetir comportamentos problemáticas de toda uma vida. A mudança não virá em semanas, portanto…